98 Telinha e seus gatinhos: 12/01/2006 - 01/01/2007

no dia que eu me zangar
mato voce de carinho

Ze´ Limeira

31.12.06

enquanto o jorjão grelha o kassler, o microondas descongela o tutu. só falta um strudel com creme azedo para a sobremesa, mas tem cereja fresquinha para a gente comemorar.

não vai ter lentilha nem sete pulinhos no mar.

mas tem amado marido, gatos, vocês e eu.

e a champanhe, é claro ;)


brindem comigo. amanhã começa tudo de novo!

30.12.06


Lara, Jean-Luc e Bijoux na janela. E não é truque de photoshop!

28.12.06

plantão do jornal nacional sobre o caos no rio de janeiro:

estamos bem. eu, amado marido, amada família. graças a Deus.

26.12.06

Dra Bianca acabou de sair. todo mundo vacinado :)
Agora, a gente só vai se ver quando for castrar Lara e Caró, daqui a uns dois, três meses.

gente, eu dei uma geral na casa, mas essa pia eu não encaro.

perpétua, vá à luta. tua vez de matar o monstro.


e o calor voltou, irk!

25.12.06



e nasceu um menino no dia 25 de dezembro... mas não é quem você está pensando!



João Gilberto, sobrinho da Gil, irmãozinho da Clara Alice, nasceu hoje.

É lindo, esperto, cabeludo, gostoso! Olha só que sério no colo da Clarinha!

Bem-vindo! :)

Peru à Brasileira

- 1 unidade(s) de peru Sadia
- quanto baste de sal
- quanto baste de limão
- quanto baste de bacon Sadia em fatias
- quanto baste de manteiga para untar


Tempero
- 1/2 xícara(s) (chá) de suco de limão
- quanto baste de sal
- quanto baste de pimenta-do-reino branca
- 1 unidade(s) de cebola picada(s)
- 1 xícara(s) (chá) de cheiro-verde picado(s)
- 5 dente(s) de alho picado(s)
- 600 ml de vinho branco

Recheio
- 8 colher(es) (sopa) de manteiga
- 3 unidade(s) de cebola picada(s)
- 20 unidade(s) de castanha portuguesa cozida(s), sem casca(s)
- 200 gr de uva passa sem semente(s)
- 500 gr de farinha de mandioca crua
- quanto baste de sal
- quanto baste de pimenta-do-reino branca
- 2 dente(s) de alho picado(s)
- 1 xícara(s) (chá) de salsinha picada(s)
- quanto baste de miúdos de peru cozido(s)


Lave o peru, esfregue nele o limão e sal para tirar qualquer cheiro que tenha. Enxágüe-o bem. Tempere com todos os temperos e deixe-o, já de véspera, na geladeira, de molho nos temperos, virando a cada 4 horas. No dia seguinte, prepare os dois recheios e recheie o peru, com cuidado para não encher demais o papo, costurando, depois, as cavidades. Se sobrar farofa, ela pode ser servida depois, junto com o peru. Prenda as pernas do peru uma na outra, decorando, se gostar, com papel recortado, preso com uma linha. Besunte-o todo com manteiga, coloque-o na assadeira, de papo para cima. Cubra todo o peito com fatias de bacon. Regue com metade da vinha d'alhos, passada na peneira. Cubra com um papel alumínio e leve a assar em forno quente. Após uma hora e meia, descubra-o, regue com o caldo da assadeira e volte ao forno ainda coberto. Uma hora depois, descubra-o e deixe até que tome um tom dourado escuro, regando, a cada 15 minutos, com o caldo da assadeira. Se o caldo secar, coloque mais da vinha d'alhos, coada.

Recheio
Para o papo: Coloque metade da manteiga em uma frigideira grande e alta, deixe derreter e junte 2 cebolas raladas. Refogue. Junte as passas e as castanhas. Refogue um pouco, junte 100 gramas de farinha e mexa para que a farinha absorva os sabores. Tempere com sal a gosto.

Para o corpo: Aqueça o restante da manteiga, refogue os miúdos picados (pique finamente), o restante da cebola e o alho. Junte 400 gramas de farinha de mandioca e deixe que doure ligeiramente, mexendo sempre. Tempere com sal e pimenta. Por último, acrescente a salsinha e cebolinha e desligue o fogo.

Dicas: Se for usar o peru temperado, lave-o e tempere, sem o sal. Siga o restante da receita, normalmente.

bom, a minha farofa não foi essa aí não. foi farofinha de banana, bem basiquinha, bem deliciosa. e não recheei. :)

ho ho ho feliz natal pessoal!

Anna Barbara, você ainda aparece por aqui? Acho que recebi um e-mail em húngaro!

óa só, meu povo:

Hi - Érdekl?dés

hello!

How are you? Your name lestal?

Van valami köt?désed Magyarországhoz?

a képgalériaban találtam rád.
Lestal Anna

quem não entendeu pq a Lestal Anna acha que meu nome é Lestal... bem, primeiro é "Como a Lestal Anna me achou?"
Talvez tenha googlado seu nome e achado meu e-mail! lestal@sbrôbous :)

Lestal é Stella com as letras trocadas, invenção de amado marido.


Por falar em Natal e em presentes... pedi a amado marido um livro e ganhei um Pai Mei! :) Depois eu boto a foto dele!

E a gente fez um peru! E deu certo! Tudo bem que o termômetro não apitou ou subiu, mas ficou uma dilícia. E viva o cybercook, que deu a receita.


ih, o blogger não reconheceu a letra o com duas aspas em cima nas duas palavras que têm interrogação no meio. bom, se tiver alguém que entenda essa língua, traduz para mim? pilise?

24.12.06

milagre de natal: amado marido, esta semana, disse:
"bora mudar a estante de lugar?"
"bora"

e a gente mudou.
tiramos os livros, separamos por tema, separamos os que não queremos mais, limpamos, tiramos os parafusos e as buchas, eu furei a parede com a furadeira, óia!, recolocamos as buchas e os parafusos, recolocamos os livros, os gatos atrapalharam, atum reclamou, mijou no iluminado, levou bronca, a estante está aí, no lugar novo, com os livros em novos lugares pq rearrumamos as prateleiras.

vcs não entendem. a sala passou quase um ano meio pintada, pq a gente teve preguiça de terminar.

e em dois dias, isso tudo. tou uau até agora.

depois eu mostro as fotos.

e também rolou uma retrospectiva do ano. eu pensei muito no que eu passei. fui melhor e fui pior do que muita gente. mas o que me deixa mais feliz é ter ficado boa. quem me viu em março sabe do que estou falando. agradeço todos os dias - e, se não agradeço, devia agradecer - não ter mais dor. não ter dor ao acordar, ao levantar da cama, ao me vestir, ao andar. não ter dor é a maior bênção que a gente pode ter, e quem não tem dor nem percebe.

vi minha mãe. beijei bem muito dona helena. fui no túmulo da minha vó, deixei flores. reencontrei amigos, ri, falei besteira. comi besteira. fui muito feliz nesses dias lá em recife. ganhei flores de amado marido. sete anos de casamento e estamos jogando para ganhar. de goleada, se possível ;)

os gatinhos nasceram. isso é felicidade para uma vida inteira.

hoje minha sobrinha me ligou lá da alemanha para me dar feliz natal. lá nevou pouquinho. ao saber disso, meu espírito natalino teve um ataque de inveja: aqui, o calor voltou.

alguma lição de vida? oxe. sei não. se eu soubesse, escrevia um besta-seller e ficava rica. mas prestem atenção. viver sem dor é bom demais.

22.12.06




fotos dos gatinhos, para explicar pq eu não terei árvore de natal este ano... :)

sim, choveu! e a temperatura não subiu mais! estou lentamente emergindo do estado zumbi para voltar a ser gente...

21.12.06

querida hetie,

sinceramente, não há como escrever nesse calor. não há como viver direito. os gatinhos viram pano de chão. nem brincam. eu passo o dia tomando banho, bebendo água quase congelada e reclamando. o céu tá azul de comercial da embratur, a praia deve estar lotada, o verão taí. eu dormi sentindo a pele quente do sol que eu não tomei. de noite, liguei o ar condicionado. fiquei com frio, me cobri. fiquei com calor, me descobri. isso, a madrugada inteira. sonhei com alienígenas. preciso cortar meu cabelo. a conta do supermercado foi um absurdo, acho que foi a maior de toda minha vida. pelo menos não falto comprar presente de ninguém, mas os cartões de natal eu ainda não enviei. pq eles não chegaram ainda, gil! :(

20.12.06

aqui tá 42 graus.

18.12.06

se eu melhorei? bem, acalmei. a fernanda young que gritava dentro de mim agora só faz bico e resmunga. o calor continua aumentando. eu continuo irritada. é isso.

17.12.06

eu não estou à flor da pele. eu estou é toda escangalhada, ralada como quem cai da bicicleta e deixa metade do joelho no chão de pedrinha. nem eu estou me aturando. passei boa parte do dia calada, jogando no computador. pq se eu soltar esse monstro que nem é tpm, gente, eu mato o marido, os gatos, me mato e viro assombração.

não aconteceu nada. é esse calor filhodaputa, eu não consigo respirar e vou ficando irritada, irritada, IRRITADA. do tipo não encosta que explode. é esse maldito calor e o suor correndo nas costas. e eu não me dou bem com o ar condicionado, cria-se uma condição em que eu não respiro, eu não consigo ficar confortável, eu reclamo, os gatinhos derrubam a planta e quebram o vaso, felicíssimos na terra, vou eu pegar um outro vaso, encher com outra terra, plantar. nem xinguei nem nada, até tirei umas fotos, fiz um filminho mas na maior sensação de eu estou representando uma pessoa que não está a ponto de ter um colapso.

tem um pássaro gritando. esse pássaro tá gritando há horas. não é um canto, é um grito. como se fosse um bicho selvagem caçando. não é feito uma araponga, téiin, téeein, não. é um uóoooooooooooh que mais parece grito de pterodátilo em filme b. e tem um bicho, acho que é um gato, também gritando. esse eu consegui gravar o barulho. marido acha que os donos saíram e deixaram o gato preso, sozinho, e ele está reclamando. eu não sei. só sei que estou suscetível demais hoje. hoje não. hoje até a porcaria da rádio me irrita. reggae. rock brasil. charlibráujr. meu deus, hoje eu matava a porrcaria desse vocalista. o imbecil que faz as letras. todas as adolescentes anencéfalas que compram a merda do cd. eu estava me controlando para não falar palavrão, mas não dá. hoje não dá. eu estou na carne viva. se eu bebesse, né? bom momento para encher a cara e ir dormir. ou se eu tivesse lexotan. banho não adiantou.

conversar com marido tá fora de cogitação. eu não estou para conversa. na saúde e na doença, tudo bem, mas hoje eu não quero conversar com ninguém. isso aqui é um desabafo de uma criatura na tampa, já. queria ir dormir para ver se passa a irritação, mas só a idéia de me deitar e o colchão ficar quente e eu suar já me dá mais nervoso ainda.

marido estende a mão e faz um carinho distraído no meu cabelo. eu devia achar legal. só escrevo aqui. não achei legal, não achei nada. era para achar? ai, meu saco. eu realmente não sei se era para estar abrindo o coração assim, pessoas podem ler e não entender ou pior, entender demais.

se entrar mais algum imbecil cantando nessa rádio eu juro.

agora eu entendo pq elvis deu um tiro na tv.

nem se eu botasse mantras eu me acalmava. mantra me irrita, sino do vento me irrita, fonte me irrita ao extremo. reggae hoje então só explodindo. não sei o que aconteceu, hoje eu estou completamente intolerante a reggae. vão se embora todos para a jamaica, pro maranhão prá putaquelospáril. eu não tenho mais paciência. acaba logo esse dia. acaba logo senão.

eu estou a ponto de ter uma coisa. esse calor não passa. eu vou tomar banho, eu saio molhada e já suada. não é possível se viver nesta terra. eu estou com os nervos à flor da pele e estou agindo com calma e ninguém até agora percebeu. só vocês. eu tou a ponto de matar um. mas estou me controlando. calor maldito. calor mil vezes maldito. são sete e quarenta e quatro da noite, não tem um vento. o ventilador venta quente. eu tou irritada. ia sair, não fui. esse calor não dá. eu tava querendo puxar uma briga com marido, mas ele não caiu. pq se a gente brigasse, né? eu desabafava. mas nem para isso eu tou com paciência.

não vou descontar em ninguém. mas juro, bem que eu queria.

15.12.06

Este é o presente que eu ganhei da minha falmiga secreta, a Vera! (que não tem blog, mas quem sabe, né? se anima e começa a escrever...)


O presente da Vera para a amiga Telinha

Querida Telinha, uma vez eu perguntei se você gostava de Natal. Nem rendi conversa, porque, se eu fosse falar no assunto, ia dizer que não gosto de Natal, que essa época do ano me incomoda, que, mesmo sendo eu uma pessoa com bastante controle das emoções, não consigo afastar a angústia difusa que em dezembro toma conta de mim. Já vi que não é nostalgia de um tempo que se foi, não é saudade das pessoas queridas que já partiram ou das que estão longe, não é nada disso. Acho que o clima excessivamente festivo e a obrigação de fazermos com que tudo fique bonito evidenciam minha preguiça, minha incompetência e minha incapacidade para essas coisas. Pior ainda, por que eu não consigo me desvencilhar desse clima e, por exemplo, me dedicar a algum projeto generoso que supostamente dê sentido ao Natal? Me descobrir uma farsa me angustia mais ainda.
Quando apareceu no Drops a idéia desse amigo-secreto, achei a proposta excelente, original e totalmente fora do clima de consumo e competição que costuma contaminar os amigos-secretos convencionais.
Ainda assim fiquei calada. Mais uma vez a Fal foi me buscar no meu canto, me desafiando a participar. Entrei no amigo-secreto aos 48 minutos do segundo tempo, não foi, Paula Clarice? Obrigada por me acolher. Obrigada a todos os coleguinhas que me acolheram e me
mandaram recados carinhosos. Foi (tem sido) precioso esse tempo que passamos juntos. Dificilmente terei outra oportunidade de ler tanta bobagem junta e rir tanto, todos os dias, a toda hora.
No sorteio, fiquei com a Telinha, que já conhecia principalmente pelos gatos. Trocamos bilhetinhos, estive na casa, ou melhor, no Quarto da Telinha, descobrimos afinidades e, a partir daqui, somos amigas. E pronto.
Desde então tenho me esforçado, Telinha, para participar do grupo da melhor maneira possível. Primeiro, tenho tentado vencer o gap tecnológico. Sou de uma geração em que ainda não se trabalhava no mundo virtual. Daí, o simples fato de ativar uma conta de grupo de yahoo é um parto para mim, dá dor no estômago, suor frio e vontade de sumir. Escrever e mandar bilhetinhos, fazer o para-casa de mandar o texto, então, só tem sido possível com a ajuda das anjinhas-da-guarda Flávia Rizzo, Maloca, Paula Clarice, Patsy...
Agora, o texto coisudo... O que uma pessoa que não compreende o Natal vai escrever? Contar da ceia feita com má-vontade, com um filé comprado pronto e dois pacotes de macarrão daqueles de envelope, quase miojos? Isso vai queimar demais o meu filme. Não, não vou contar isso. Contar do Natal em que eu estava com hóspedes, seis hóspedes, e o poço artesiano do condomínio desabou e ficamos sem água, e vieram os feriados, sumiram os caminhões-pipa, a cada dia a coisa piorava e mesmo assim fizemos uma ceia ótima e eu não perdi o humor? Aleluia!!! Dependendo do meu empenho, até poderia sair um relato engraçado, mas... ainda não. Pensei também usar um conto de natal de uma de minhas irmãs, escrito há mais de 50 anos. Não me recordo direito dele, mas a vaga lembrança que tenho me diz que ele se encaixa na proposta do nosso grupo. Liguei para a irmã outrora escritora, ainda não sei se vai conseguir localizá-lo.
Aí tive uma idéia que me agradou bastante. Acho que estamos chegando lá. A estrutura do escrito seria um diário, diário, não, um relato que começaria dois anos atrás, quando uma mulher brasileira, preta e pobre encontra um emprego de doméstica e consegue, finalmente, ter a
carteira profissional assinada e acha que a vida vai melhorar. O relato continuaria com os reveses por que ela passa - o processo que move contra o ex-marido que assediava a filha adolescente deles, o barraco que ameaçava desabar, uma gravidez (a sétima) inesperada, o
diabetes recentemente descoberto, a trajetória dos filhos homens deixando de ser adolescentes e virando adultos sem trabalho e sem escola, esses reveses culminando com a chegada de uma Intimação Demolitória do barraco dela, construído em área pública. Para encerrar, ela diria que neste ano não haverá ceia de Natal... Não, baixo-astral demais, minha amiga não merece isso, a turma do LV não merece, ninguém merece.
Continuei remexendo meu cérebro, meu coração e minhas memórias à procura do texto coisudo. E me lembrei, não de um texto, mas de um filme, ou melhor, do episódio de um filme que reunia várias histórias de Natal baseadas em contos de O'Henry, esse moço aqui.
O filme, a versão de 1952 que atiçou minhas lembranças, com Farley Granger e Jeanne Crain, é esse aqui.
Aí brilhou a certeza de que dificilmente eu iria encontrar algo mais de acordo com o que eu suponho seja o espírito do Natal.
Como um carinho adicional à amiga secreta, ainda pensei em tentar fazer eu mesma a tradução do conto, já que a autoria do texto não seria minha. Quando vi a tradução feita pelo José Paulo Paes, desisti, aí era covardia, não ousei.
Então, querida Telinha, desejando a você e aos que lhe são queridos o melhor, sempre, aí vão os dois textos, o original e a tradução.

THE GIFT OF THE MAGI
by O. Henry
One dollar and eighty-seven cents. That was all. And sixty cents of it was in pennies. Pennies saved one and two at a time by bulldozing the grocer and the vegetable man and the butcher until one's cheeks burned with the silent imputation of parsimony that such close dealing implied. Three times Della counted it. One dollar and eighty-seven cents. And the next day would be Christmas.
There was clearly nothing to do but flop down on the shabby little couch and howl. So Della did it. Which instigates the moral reflection that life is made up of sobs, sniffles, and smiles, with sniffles predominating.
While the mistress of the home is gradually subsiding from the first stage to the second, take a look at the home. A furnished flat at $8 per week. It did not exactly beggar description, but it certainly had that word on the lookout for the mendicancy squad.
In the vestibule below was a letter-box into which no letter would go, and an electric button from which no mortal finger could coax a ring. Also appertaining thereunto was a card bearing the name "Mr. James Dillingham Young."
The "Dillingham" had been flung to the breeze during a former period of prosperity when its possessor was being paid $30 per week. Now, when the income was shrunk to $20, though, they were thinking seriously of contracting to a modest and unassuming D. But whenever Mr. James Dillingham Young came home and reached his flat above he
was called "Jim" and greatly hugged by Mrs. James Dillingham Young, already introduced to you as Della. Which is all very good.
Della finished her cry and attended to her cheeks with the powder rag. She stood by the window and looked out dully at a gray cat walking a gray fence in a gray backyard. Tomorrow would be Christmas Day, and she had only $1.87 with which to buy Jim a present. She had been saving every penny she could for months, with this result.
Twenty dollars a week doesn't go far. Expenses had been greater than she had calculated. They always are. Only $1.87 to buy a present for Jim. Her Jim. Many a happy hour she had spent planning for something nice for him. Something fine and rare and sterling--something just a little bit near to being worthy of the honor of being owned by Jim.
There was a pier-glass between the windows of the room. Perhaps you have seen a pier-glass in an $8 flat. A very thin and very agile person may, by observing his reflection in a rapid sequence of longitudinal strips, obtain a fairly accurate conception of his looks. Della, being slender, had mastered the art.
Suddenly she whirled from the window and stood before the glass. Her eyes were shining brilliantly, but her face had lost its color within twenty seconds. Rapidly she pulled down her hair and let it fall to its full length.
Now, there were two possessions of the James Dillingham Youngs in which they both took a mighty pride. One was Jim's gold watch that had been his father's and his grandfather's. The other was Della's hair. Had the queen of Sheba lived in the flat across the airshaft, Della would have let her hair hang out the window some day to dry just to depreciate Her Majesty's jewels and gifts. Had King Solomon been the janitor, with all his treasures piled up in the basement, Jim would have pulled out his watch every time he passed, just to see him pluck at his beard from envy.
So now Della's beautiful hair fell about her rippling and shining like a cascade of brown waters. It reached below her knee and made itself almost a garment for her. And then she did it up again nervously and quickly. Once she faltered for a minute and stood still while a tear or two splashed on the worn red carpet.
On went her old brown jacket; on went her old brown hat. With a whirl of skirts and with the brilliant sparkle still in her eyes, she fluttered out the door and down the stairs to the street.
Where she stopped the sign read: "Mme. Sofronie. Hair Goods of All Kinds." One flight up Della ran, and collected herself, panting. Madame, large, too white, chilly, hardly looked the "Sofronie."
"Will you buy my hair?" asked Della.
"I buy hair," said Madame. "Take yer hat off and let's have a sight at the looks of it."
Down rippled the brown cascade.
"Twenty dollars," said Madame, lifting the mass with a practised hand.
"Give it to me quick," said Della.
Oh, and the next two hours tripped by on rosy wings. Forget the hashed metaphor. She was ransacking the stores for Jim's present.
She found it at last. It surely had been made for Jim and no one else. There was no other like it in any of the stores, and she had turned all of them inside out. It was a platinum fob chain simple and chaste in design, properly proclaiming its value by substance alone and not by meretricious ornamentation--as all good things should do. It was even worthy of The Watch. As soon as she saw it she knew that it must be Jim's. It was like him. Quietness and value- -the description applied to both. Twenty-one dollars they took from her for it, and she hurried home with the 87 cents. With that chain on his watch Jim might be properly anxious about the time in any company. Grand as the watch was, he sometimes looked at it on the sly on account of the old leather strap that he used in place of a chain.
When Della reached home her intoxication gave way a little to prudence and reason. She got out her curling irons and lighted the gas and went to work repairing the ravages made by generosity added to love. Which is always a tremendous task, dear friends--a mammoth task.
Within forty minutes her head was covered with tiny, close-lying curls that made her look wonderfully like a truant schoolboy. She looked at her reflection in the mirror long, carefully, and critically.
"If Jim doesn't kill me," she said to herself, "before he takes a second look at me, he'll say I look like a Coney Island chorus girl. But what could I do--oh! what could I do with a dollar and eighty-seven cents?"
At 7 o'clock the coffee was made and the frying-pan was on the back of the stove hot and ready to cook the chops.
Jim was never late. Della doubled the fob chain in her hand and sat on the corner of the table near the door that he always entered.
Then she heard his step on the stair away down on the first flight, and she turned white for just a moment. She had a habit for saying little silent prayer about the simplest everyday things, and now she whispered: "Please God, make him think I am still pretty."
The door opened and Jim stepped in and closed it. He looked thin and very serious. Poor fellow, he was only twenty-two--and to be burdened with a family! He needed a new overcoat and he was without gloves.
Jim stopped inside the door, as immovable as a setter at the scent of quail. His eyes were fixed upon Della, and there was an expression in them that she could not read, and it terrified her. It was not anger, nor surprise, nor disapproval, nor horror, nor any of the sentiments that she had been prepared for. He simply stared at
her fixedly with that peculiar expression on his face.
Della wriggled off the table and went for him.
"Jim, darling," she cried, "don't look at me that way. I had my hair cut off and sold because I couldn't have lived through Christmas without giving you a present. It'll grow out again--you won't mind, will you? I just had to do it. My hair grows awfully fast. Say `Merry Christmas!' Jim, and let's be happy. You don't know what a
nice-- what a beautiful, nice gift I've got for you."
"You've cut off your hair?" asked Jim, laboriously, as if he had not arrived at that patent fact yet even after the hardest mental labor.
"Cut it off and sold it," said Della. "Don't you like me just as well, anyhow? I'm me without my hair, ain't I?"
Jim looked about the room curiously.
"You say your hair is gone?" he said, with an air almost of idiocy. "You needn't look for it," said Della. "It's sold, I tell you--sold and gone, too. It's Christmas Eve, boy. Be good to me, for it went for you. Maybe the hairs of my head were numbered," she went on with sudden serious sweetness, "but nobody could ever count my love for you. Shall I put the chops on, Jim?"
Out of his trance Jim seemed quickly to wake. He enfolded his Della.
For ten seconds let us regard with discreet scrutiny some inconsequential object in the other direction. Eight dollars a week or a million a year--what is the difference? A mathematician or a wit would give you the wrong answer. The magi brought valuable gifts, but that was not among them. This dark assertion will be
illuminated later on.
Jim drew a package from his overcoat pocket and threw it upon the table.
"Don't make any mistake, Dell," he said, "about me. I don't think there's anything in the way of a haircut or a shave or a shampoo that could make me like my girl any less. But if you'll unwrap that package you may see why you had me going a while at first."
White fingers and nimble tore at the string and paper. And then an ecstatic scream of joy; and then, alas! a quick feminine change to hysterical tears and wails, necessitating the immediate employment of all the comforting powers of the lord of the flat.
For there lay The Combs--the set of combs, side and back, that Della had worshipped long in a Broadway window. Beautiful combs, pure tortoise shell, with jewelled rims--just the shade to wear in the beautiful vanished hair. They were expensive combs, she knew, and her heart had simply craved and yearned over them without the least
hope of possession. And now, they were hers, but the tresses that should have adorned the coveted adornments were gone.
But she hugged them to her bosom, and at length she was able to look up with dim eyes and a smile and say: "My hair grows so fast, Jim!" And them Della leaped up like a little singed cat and cried, "Oh, oh!"
Jim had not yet seen his beautiful present. She held it out to him eagerly upon her open palm. The dull precious metal seemed to flash with a reflection of her bright and ardent spirit.
"Isn't it a dandy, Jim? I hunted all over town to find it. You'll have to look at the time a hundred times a day now. Give me your watch. I want to see how it looks on it."
Instead of obeying, Jim tumbled down on the couch and put his hands under the back of his head and smiled.
"Dell," said he, "let's put our Christmas presents away and keep 'em a while. They're too nice to use just at present. I sold the watch to get the money to buy your combs. And now suppose you put the chops on."
The magi, as you know, were wise men--wonderfully wise men--who brought gifts to the Babe in the manger. They invented the art of giving Christmas presents. Being wise, their gifts were no doubt wise ones, possibly bearing the privilege of exchange in case of duplication. And here I have lamely related to you the uneventful chronicle of two foolish children in a flat who most unwisely sacrificed for each other the greatest treasures of their house. But in a last word to the wise of these days let it be said that of all who give gifts these two were the wisest. O all who give and receive gifts, such as they are wisest. Everywhere they are wisest. They are the magi.


O Presente dos Magos
O. Henry
Tradução de José Paulo Paes

Um dólar e oitenta e sete centavos. Era tudo. E sessenta centavos eram em moedas. Moedas economizadas uma a uma, pechinchando com o dono do armazém, o dono da quitanda, o açougueiro, até o rosto arder à muda acusação de parcimônia que tais pechinchas implicavam. Três vezes Della contou o dinheiro. Um dólar e oitenta e sete centavos. E no dia seguinte seria Natal.
Não havia evidentemente mais nada a fazer senão atirar-se ao pequeno sofá puído e chorar. Foi o que Della fez. O que leva à reflexão moral de que a vida é feita de soluços, fungadelas e sorrisos, com predomínio das fungadelas.
Enquanto a dona da casa gradualmente passa do primeiro ao segundo estágio, vamos dar uma espiada na casa. Um apartamento mobiliado, a oito dólares por semana. Não era exatamente miserável, mas tinha essa palavra pronta para o grupo de mendicância.
No vestíbulo embaixo havia uma caixa de correspondência na qual carta nenhuma seria posta, e um botão de campainha que nenhum dedo mortal jamais apertaria. Encontrava-se ali também um cartão anunciando o nome de "Mr. James Dillingham Young".
O "Dillingham" fora acrescentado durante um anterior período de prosperidade, quando seu possuidor estava ganhando trinta dólares por semana. Agora, que a receita baixara para vinte dólares, as letras de "Dillingham" pareciam nubladas, como se estivessem pensando seriamente em abreviar para um modesto e despretensioso D.
Mas sempre que Mr. James Dillingham Young voltava para casa e chegava ao seu apartamento lá em cima, era chamado de "Jim" e carinhosamente abraçado por Mrs. James Dillingham Young, já apresentada ao leitor como Della. O que está muito bem.
Della terminou de chorar e cuidou do rosto com a esponja de pó. Postou-se junto à janela e ficou a contemplar melancolicamente um gato cinzento caminhando sobre uma cerca cinzenta num quintal cinzento. Amanhã seria Dia de Natal e ela tinha apenas um dólar e oitenta e sete centavos para comprar o presente de Jim. Estivera a
economizar tostão por tostão havia meses, e esse era o resultado. Vinte dólares por semana não dão para nada. As despesas tinham sido maiores do que calculara. Sempre são. Apenas um dólar e oitenta e sete centavos para comprar o presente de Jim. O seu Jim. Muitas horas felizes passara ela planejando comprar-lhe alguma coisa
bonita. Alguma coisa fina, rara, legítima ? algo que estivesse bem perto de merecer a honra de ser possuída por Jim.
Havia um espelho de tremó entre as janelas da sala. Talvez o leitor já tenha visto um espelho de tremó num apartamento de oito dólares. Uma pessoa muito esguia e muito ágil pode, com observar seu reflexo numa rápida seqüência de tiras longitudinais, obter uma concepção bastante acurada de sua aparência. Della, por ser esguia, lograra
aperfeiçoar-se nessa arte.
Subitamente, afastou-se da janela e postou-se diante do espelho.
Seus olhos estavam brilhantes, mas sua face perdeu a cor ao cabo de vinte segundos. Num gesto rápido, soltou o cabelo e o deixou desdobrar-se em toda a sua extensão.
Ora, os James Dillingham Youngs tinham dois haveres de que muito se orgulhavam. Um era o relógio de ouro de Jim, que pertencera a seu pai e a seu avô. O outro era o cabelo de Della. Morara a Rainha de Sabá no apartamento do outro lado do poço de ventilação, e Della teria algum dia deixado o seu cabelo cair fora da janela para secá-lo e depreciar assim as jóias e as riquezas de Sua Majestade. Fora o Rei Salomão o zelador, com todos os seus tesouros empilhados no porão, e Jim teria puxado o relógio cada vez que por ele passasse, só para vê-lo arrancar as barbas de inveja.
O cabelo de Della, pois, caiu-lhe pelas costas, ondulando e brilhando como uma cascata de águas castanhas. Chegava-lhe abaixo do joelho e quase lhe servia de manto. Ela então o prendeu de novo, célere e nervosamente. A certo momento, deteve-se e permaneceu imóvel, enquanto uma ou duas lágrimas caíam sobre o puído tapete
vermelho.
Vestiu o velho casaco marrom; pôs o velho chapéu marrom. Com um ruge-ruge de saias e com a centelha brilhante ainda nos olhos, correu para a porta e desceu rapidamente a escada que levava à rua.
Parou onde havia um letreiro anunciando: "Mme. Sofronie, Artigos de Toda Espécie para Cabelos". Della subiu a correr um lance de escada e se deteve no alto, arquejante, para recompor-se. Madame, corpulenta, alva demais, fria, dificilmente faria jus ao nome de "Sofronie".
? Quer comprar meu cabelo? ? perguntou Della.
? Eu compro cabelo ? disse Madame. ? Tire o chapéu e vamos dar uma olhada no seu.
Despenhou-se, ondulante, a cascata de águas castanhas.
? Vinte dólares ? ofereceu Madame, erguendo a massa com mão prática.
? Dê-me o dinheiro depressa ? pediu Della.
Oh, as duas horas seguintes voaram com asas róseas. Perdoe-se a metáfora gasta. Della se pôs a vasculhar as lojas à procura de um presente para Jim.
Encontrou-o por fim. Fora certamente feito para ele e para ninguém mais. Nada havia que se lhe parecesse nas outras lojas, e ela as revirara de alto a baixo. Era uma corrente de platina, curta, simples e de modelo discreto, proclamando adequadamente seu valor por sua mesma substância e não por qualquer ornamentação espúria ?
como o devem fazer todas as coisas boas. Era digna até do Relógio.
Tão logo a viu, soube que tinha de ser de Jim. Era como ele.
Serenidade e valor ? a descrição se aplicava a ambos. Vinte e um dólares cobraram-lhe por ela, e Della correu para casa com os oitenta e sete centavos. Com aquela corrente no relógio, Jim poderia preocupar-se decentemente com o tempo na frente de qualquer pessoa. Grande como era o relógio, ele às vezes o consultava meio
envergonhado devido à velha tira de couro que usava em lugar de corrente.
Quando Della chegou a casa, seu embevecimento cedeu lugar a um pouco de prudência e razão. Pegou os ferros de frisar, acendeu o gás e pôs-se a reparar os estragos causados pela generosidade acrescida ao amor. O que sempre é uma tarefa muito árdua, queridos amigos ? uma tarefa gigantesca.
Ao cabo de quarenta minutos, sua cabeça estava coberta de pequenos caracóis cerrados, que a faziam parecer, admiravelmente, um menino vadio. Contemplou sua imagem no espelho durante longo tempo, crítica e cuidadosamente.
? Se Jim não me matar ? disse consigo mesma ? antes de olhar-me pela segunda vez, dirá que pareço uma corista de Coney Island. Mas que podia eu fazer... oh, que podia eu fazer com um dólar e oitenta e sete centavos? Às sete horas, o café estava preparado e uma frigideira quente no fogão esperava o momento de fritar as
costeletas.
Jim nunca se atrasava. Della dobrou a corrente no côncavo da mão e sentou-se a um canto da mesa, perto da porta pela qual ele sempre entrava. Ouviu então seus passos no primeiro lance da escada e empalideceu por um instante. Ela tinha o hábito de rezar pequenas preces silenciosas a propósito das mínimas coisas diárias, e agora
murmurava:
? Oh, Deus, fazei-o, por favor, achar-me ainda bonita!
A porta se abriu, Jim entrou e a fechou. Parecia magro e muito sério. Pobre sujeito, apenas vinte e dois anos e já responsável por uma família! Precisava de um sobretudo novo e não tinha luvas.
Jim avançou alguns passos, tão rígido quanto um perdigueiro na pista de uma codorniz. Seus olhos estavam fitos em Dela e havia neles uma expressão que ela não conseguia ler e que a aterrorizava. Não era raiva, nem surpresa, nem desaprovação, nem horror; não era nenhum dos sentimentos para os quais ela estava preparada. Ele simplesmente a fitava com aquela peculiar expressão na face.
Della esgueirou-se para fora da mesa e se encaminhou para ele.
? Jim, querido ? gritou ?, não me olhe desse jeito! Mandei cortar o cabelo e o vendi porque não poderia passar o Natal sem dar um presente a você. Ele crescerá de novo... não se aborreça, por favor. Eu tinha de fazer isso. Meu cabelo cresce terrivelmente depressa. Diga "Feliz Natal!", Jim, e fiquemos felizes. Você não sabe que coisa bonita, que belo presente tenho para você.
? Mandou cortar o cabelo? ? perguntou Jim a custo, como se não se tivesse ainda compenetrado desse fato patente após o mais árduo esforço mental.
? Cortei-o e vendi-o ? disse Della. ? Você não continua a gostar de mim do mesmo jeito, então? Estou sem cabelo, não estou?
Jim olhou à volta do aposento de modo curioso.
? Você diz que seu cabelo se foi? ? insistiu, com um ar de quase idiotia.
? Não precisa procurar por ele ? disse Della. ? Foi vendido, como lhe disse... vendido, não está mais aqui. É Véspera de Natal, querido. Seja bonzinho comigo, fiz isso por sua causa. Talvez fosse possível contar os cabelos da minha cabeça ? continuou ela, com súbita e grave doçura ?, mas ninguém poderá jamais avaliar o meu
amor por você. Posso fritar as costeletas, Jim?
Emergindo do seu transe, Jim pareceu despertar rapidamente. Abraçou a sua Della. Por dez segundos, contemplemos, com discreta atenção, qualquer objeto inconseqüente, noutra direção. Oito dólares por semana ou um milhão por ano ? qual a diferença? Um matemático ou uma pessoa arguta daria a resposta errônea. Os magos trouxeram presentes valiosos, mas isso não estava entre eles. Esta asserção obscura será
esclarecida mais tarde.
Jim tirou um pacote do bolso do sobretudo e atirou-o sobre a mesa.
? Não me interprete mal, Della ? disse. ? Não acho que haja alguma coisa, corte de cabelo, raspagem ou xampu, capaz de fazer-me gostar menos da minha mulherinha. Mas se você abrir esse pacote, poderá ver por que fiquei abafado no princípio.
Alvos dedos ligeiros desfizeram o atilho e o embrulho. Ouviu-se então um grito estático de alegria, e depois, ai!, uma súbita mudança feminina para as lágrimas e os gemidos, que exigiram o imediato emprego de todos os poderes de consolação do senhor do apartamento.
Pois sobre a mesa jaziam Os Pentes ? o jogo de pentes para cabelos que Della adorara havia muito numa vitrine da Broadway. Belos pentes, de tartaruga legítima, orlados de pedraria ? da cor exata para combinar com o lindo cabelo desvanecido. Eram pentes caros, ela o sabia, e seu coração se limitara a desejá-los e a suspirar por
eles sem a menor esperança de vir um dia a possuí-los. E agora pertenciam-lhe, mas as tranças que os anelados enfeites deveriam adornar não mais existiam.
Ela, porém, os apertou contra o peito e, por fim, pôde erguer os
olhos nublados, sorrir e dizer:
? Meu cabelo cresce tão depressa, Jim!
E então Della pulou como um gatinho chamuscado e gritou:
? Oh! oh!
Jim ainda não vira o seu belo presente. Ela lho estendeu ansiosamente na palma da mão aberta. O fosco metal precioso parecia brilhar com o reflexo do seu jubiloso e ardente espírito.
? Não é uma beleza, Jim? Vasculhei a cidade toda para achá-lo. Doravante, você terá de ver as horas uma centena de vezes por dia. Dê-me o seu relógio. Quero ver como fica nele.
Em lugar de obedecer, Jim deixou-se cair no sofá, pôs as mãos atrás da cabeça, e sorriu:
? Della ? disse ?, vamos pôr os nossos presentes de Natal de lado e deixá-los por algum tempo. São lindos demais para poderem ser usados agora. Vendi o relógio para conseguir o dinheiro com que comprei os seus pentes. Que tal se você fritasse as costeletas agora?
Os magos, como sabem, eram homens sábios ? homens maravilhosamente sábios ? que trouxeram presentes para a Criança na manjedoura. Inventaram a arte de dar presentes natalinos. Sendo eles sábios, seus presentes eram sem dúvida igualmente sábios. Possivelmente admitiam o privilégio de troca em caso de duplicação. E aqui lhes
contei canhestramente a desimportante crônica de duas crianças tolas, num apartamento, as quais da maneira a mais insensata, sacrificaram, uma pela outra, os maiores tesouros de seu lar. Mas como derradeira palavra para os sensatos dos dias que correm, seja dito que, de todos que dão presentes, os dois foram os mais sábios.
Todos que dêem e recebam presentes como os deles são os mais sábios.
Em toda parte, os mais sábios. São os magos.


Vera, querida, ao ler seu texto tão lindo, tão coisudo, tão emocionante, vi que tirei a sorte grande neste falmigo secreto. Obrigada, querida, por lembrar a verdadeira natureza dos presentes de natal

Para a minha falmiga secreta, Raquel!


Raquel, é muito divertido ser sua secret falfriend. E the book is on the table e little potato when borns hahahhaha :)

Escrever sobre o Natal para quem gosta de Natal é fácil e complicadíssimo. É fácil pq eu também gosto de Natal, embora prefira o São João, e complicadíssimo por conta dos clichês. Então, eu vou contar uma lenda que corre na minha família há gerações.

Raquel, numa noite de Natal eu vi um anjo. Eu tinha quatro anos, a gente estava veraneando numa casinha de praia. Uma casinha de porta e janela amarela. Era noite de Natal. Olhei para cima e disse, olha um anjinho! Todo mundo procurou o anjinho, ninguém viu nada. Meu pai disse - engraçado, eu não lembro do anjo, não lembro de nada, mas dessa parte eu lembro - meu pai disse que era uma nuvem que tomou banho de água sanitária. Eu bati meu pezinho. Era anjo sim senhor e ficou sendo, embora ninguém acreditasse.

Então, Raquel, Natal é isso. É a gente ver (ou imaginar) o anjo que ninguém mais vê. É se emocionar com o presente que o seu Abílio deu pro parque Ibirapuera. É abstrair da grana que se gasta em caixinhas para tudo que existe no mundo, do trânsito, do calor, do empurra-empurra e da obrigação de ser feliz, magro, loiro e usar chapinha. É tentar fazer só a retrospectiva das coisas boas. E tirar algum proveito das ruins, nem que seja só para dizer "meu pai eterno, não permita que eu faça mais tamanha besteira".

Natal é lembrar que o motivo da festa não é papai noel. E é ser o papai noel de alguém. É rir do stress antes que ele contamine nosso fígado. O remédio é falar besteira. Tem coisa melhor? Ter, tem, mas falar besteira está no top 5 de qualquer serumano da nossa FALmília.

Este texto é meu presente, e nele te desejo, sempre, todas coisas que te fazem feliz. Mas não as coisas grandes, tipo a mega-sena ou a paz mundial. Eu te dou de presente a capacidade de reconhecer as felicidades minúsculas.

Raquel, meu presente para você é a borboleta que passa na frente da gente, o miado do gatinho, o vento que despenteia o cabelo, a nuvem com formato de ursinho, de girafa, de nuvem mesmo. É o dia quente com chuva de tardinha, que vem para refrescar e não para atrapalhar. É o cheiro do panetone. É a criança que entrega desenho e diz "é prá você!" O coelho branco da Alice. O seu time ganhando o jogo. O trânsito livre na rua. Aquele moço que olha para a gente de tal jeito que faz valer o dia, o mês, o ano, olhar que desaparece com nossas celulites, com as inseguranças e que dá vontade de responder baixinho no ouvido dele "eu sei que eu sou bonita e gostosa..."

Meu presente para você é a carta da pessoa querida, é o dinheiro que estava esquecido no bolso da calça e a gente acha num momento de aperto, é o brigadeiro comido de colher assistindo sessão da tarde, é o texto da Fal que emociona e faz rir, é a música que dá vergonha e saudade da adolescente você foi, é ir ao cinema e não ter celular tocando no meio da sessão, é sair de alma lavada do filme, é ter todos os motivos para ser feliz apesar do mundo inteiro dizer que não dá.

Não sei se meu texto está coisudo o suficiente. Sei que foi feito com carinho e bom humor. E es-pe-ci-al-men-te para você. Que é sweet as sugar :). Foi milimetricamente estudado, este texto, Raquel, para te deixar com um sorriso bobo por alguns minutos. E, se eu acertei na quantidade de bobagem por linha, você vai ficar meio lesa um dia inteirinho.

14.12.06

você percebe que já é freguesa do restaurante japonês quando liga para pedir um combinado e a ligação dura exatos 23 segundos.

"É Stella, né?"


jean-luc enchendo a barriguinha junto com muriel


caró lambendo a patinha

bijoux e lara

os gatinhos completaram 4 meses ontem!

12.12.06

acabo de saber que um ex-locutor da rádio onde trabalhei em recife está sendo investigado por abuso sexual de crianças de 12 anos. perdeu o programa que fazia na tv regional e tudo.

depois do susto, a constatação

quem sabe o mal que mora no coração dos homens?

que noite mais putamerdalmente mal dormida. doía o pescoço, doía a perna, não tive jeito de sossegar. acho que não dormi uma hora seguida. e hoje de manhã acordei cedo, perpétua tá viajando pq tem gente doente na família dela, os gatos mijaram no edredon, precisei ir no banco de novo (já tinha ido ontem), soube da morte de um velhinho aqui do prédio (pobrezinho, descansou) e ainda não é nem meio dia e eu tenho q ir em botafogo, mas acho que não vou, pois preciso ficar com amada cunhada de tarde, pq desde que ela quebrou o braço não deve ficar sozinha em casa por muito tempo e a amada tia precisa ir no dentista.

9.12.06

ontem teve a festa de confraternização do trabalho de amado sogro e eu fui. muito legal, buffet, iluminação, som com telão, flores lindas. e gente vestida de todo tipo: de vestido rebordado tipo entrega do oscar a mamãe-eu-vou-na-padaria.

juro. uma festa de fim de ano, à noite, e a mulher foi de saia de sarja e regata de malha. uma senhôura, já.

eu? eu fui marromeno, nem calça de veludo, nem bunda de fora (conhecem esse ditado?)

7.12.06

eita, que hoje estou escrevendo mais do que o homem da cobra fala.


todo fim do ano, a tradição volta. e com ela, a busca incessante pela agenda perfeita. e agora também é época de escolher o calendário de parede que eu mando para a minha mãe. sabe como é. se eu não comprar, ninguém compra. eu já vi isso acontecer.

vi um lindo do van gogh, mas depois pensei que seria de mau gosto. sabe como é. van gogh também era bipolar. ou eu estou viajando demais?


a barriga da caró! :)
especialmente para o ser falmigo secreto que me tirou,
já escreveu um texto coisudo
e ainda falou gato duas vezes só para mim!
ah, e para o meu minha falmigo falmiga secreto secreta, lamento informar
mas até agora num escrevi nadinha :(

não estou ouvindo bem. acho que ando no mundo da lua. a moça que fez minha unha perguntou três vezes a cor do esmalte que eu queria até eu entender o que ela falava. e pintei com a cor de sempre, ou seja, aquela que amado marido diz que faz a unha parecer que não foi pintada.

amanhã tenho uma festa para ir, a tal festa do sapato novo que eu vou com sapato velho. pois. fui fazer unha e aproveitei para fazer uma reconstrução capilar de queratina. meu cabelo tá lambido por conta disso e durante dois dias não posso lavar. mãs.

lá na recepção tinha aviso que tinha massagem estética e relaxante. oba, eu pensei. meu ombro tá tão duro que dá para pregar um prego e pendurar um quadro. amado marido é legal, mas faz massagens horríveis. sabe a monica de friends? pior.

não só a massagem era carérrima mas também não tinha hoje. então tá. eu e meu ombro de pedra estamos aqui ao seu dispor, amiga.

como todo mundo no mundo, fazer compras nem sempre é a coisa mais fácil.

eu sou uma pessoa acostumada às frustrações da moda. nem sempre a roupa que eu gostava tinha meu tamanho. nem sempre tinha o preço que eu podia pagar. e nem sempre eu gostava do modelo do meu tamanho que eu podia pagar.

com sapatos isso nunca tinha acontecido.

fui comprar uma sandália preta para ir para uma festa. preta. salto alto grosso ou anabela, tanto faz. simples, vocês vão dizer. hahaha, iludidos.

foi assim:

o modelo que eu gostava e era preto, não tinha meu número pq as fôrmas estão grandes. meu pé é 36 e um 34 ficou folgado no meu pé e não faziam 33.

o modelo que eu gostava e calçou bem e não tinha preto. azul marinho com bolinha branca serve? não serve.

o modelo era lindo, maravilhoso, divino, preto e cabia no meu pé e quando usei doeu. bem muito.

vários modelos pretos que cabiam no meu pé eram feios.

ou seja, vou para a festa com a sandalinha véia mesmo.

6.12.06

estou com problemas com a conexão da velox. portanto, se eu estava falando com você e de repente...

5.12.06

estou aborrecida. aliás, estou exponencialmente aborrecida.

a doutora ortomolecular quer arrancar meu couro a alfinetada. fui aviar as receitas que ela me passou e pensem: 430 reais.

430 reais por comprimidos que vão durar um mês.

deixa meu cabelo cair. uma peruca é mais barato.

2.12.06

eu finalmente consegui cochilar no sofá da sala, vendo tv. daí acordo com um barulhão. e grito de susto, claro. poxa, eu tava até sonhando. amado marido aparece assustado. eu estou em pé no meio da sala. bijoux está assustada. eu estou assustada. que barulho foi esse, eu perguntei. amado marido disse que ouviu o barulho, mas se assustou mesmo com meu grito.

e ficamos ambos com dor de cabeça.

1.12.06

garganta doendo
muitas noites sem dormir direito - e pelas razões erradas :(
tropeçando nas olheiras
dor de cabeça
falta de ar

cansaço.


acho que morgou o show do cordel, ale.